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Filho, sobrinho e irmão de traficantes mortos, jovem celebra a conquista de um diploma: “Sou um sobrevivente”

‘Sou um sobrevivente’, o desabafo de Vinícius viralizou na internet

No ano de 1993, houve uma chacina que deixou 21 pessoas mortas, em em Vigário Geral, Zona Norte do Rio de Janeiro, e esse também foi o ano de nascimento de Herbert Vinícius, que também teve o pai, irmão e sobrinho, 3 traficantes mortos, assassinados em decorrência da vida do crime.

Mas a história não se repetiu com Herbert, que contrariando todas as expectativas, no último dia 10 de novembro, se formou professor de educação física, e também é a única pessoa com diploma universitário de sua família.

Ao exibir seu feito nas redes sociais, Herbert fez um desabafo que viralizou na internet, sua foto de beca e canudo foi foi curtida por 50 mil pessoas e compartilhada mais de 10 mil vezes.

“Filho, sobrinho e irmão de 3 traficantes mortos. Algumas poucas pessoas desejaram que eu tivesse o mesmo fim, porém, a história foi diferente. Vou exibir isso aqui em todo lugar mesmo, porque eu lutei pra conquistar. É preto, favelado e professor! Tô formado. #Edfisica”.

Em entrevista que concedeu ao G1, ele contou que mal conheceu seu pai, pois ele morreu quando Herbert era ainda muito criança.

“Cresci sem ele. Tudo o que eu sei sobre meu pai é o que me contam. É o que minha avó me conta, o que minha mãe me conta e o que vejo por fotos, só isso”, diz.

Disse também ter poucas lembranças do tio, e que lembra um pouco mais do irmão que aos 15 anos entrou para o tráfico e morreu logo em seguida.
“É aquilo, onde a gente mora, onde a gente vive, o tempo todo você convive com influências boas e ruins, e se você tiver uma cabeça fraca em algum momento, você desvia do caminho. Foi o que aconteceu com ele. Não dava nenhum indício de que ia fazer isso, de que ia seguir esse caminho, mas, de repente, sem a gente esperar, ele foi. Desapareceu lá e entrou nessa vida que a gente descobriu”, conta Vinicius, sobre o irmão.
Mas ele se orgulha da família e diz que foram sua base:
“Não fui criado por marginais. Fui criado por pessoas que me passavam bons exemplos e diziam que a melhor forma de melhorar a vida eram os estudos. Eu tive uma boa base, educação. Só não tive dinheiro. Eu sei que para fazer tudo que quero, eu preciso estudar. ”
Ele afirma que o esporte também foi fundamental em seu processo de realização pessoal:
“Eu tinha um sonho de todo atleta, que é chegar a uma Olimpíada. Quando, em 2016, tudo começou a desandar, em investimento e desempenho, eu abandonei o esporte só para estudar.”
Mas através do atletismo conseguiu a bolsa de estudos na Universidade Salgado de Oliveira, em Niterói.
“Ser um jovem negro não é fácil. A polícia me aborda como não faria com um jovem branco. Já fui retirado de dentro de ônibus. Se você entra no shopping, segurança segue, passa radinho. Você chega perto de alguém na rua, seguram a bolsa, mudam de calçada. Eu já estou acostumado, não deveria ser normal, mas já acostumei. Mas não fico calado, de forma alguma. É complicado, difícil… Mas eu me considero um sobrevivente.”

Agora formado professor, ele diz que sua meta, é ajudar outras pessoas como ele a conseguirem estudar e vencer na vida.

“Minha meta sempre foi descobrir talentos no esporte. Em especial, no atletismo. Se puder descobrir dentro da escola, ótimo.”, completou Herbert.

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