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Estuprada dos 3 aos 11 anos, mulher grava confissão do tio e detalha abusos

Carla Vanessa Venâncio da Silva, de 35 anos, decidiu falar sobre o terrível abuso sexual que sofreu na infância, ela foi vítima de estupro dos 3 anos de idade, até os 11.

A auxiliar de administração, compartilhou publicamente o caso de abuso sexual que sofreu do tio. O homem de 46 anos acabou confessando o crime, a confissão foi gravada em vídeo.

Denunciado pela sobrinha para a família, no mês de setembro do ano passado, 2019, Carla esperava que a justiça fosse feita, mas essa intenção pode ser frustrada pelo fato do crime ter sido prescrito, por conta dos anos em que os abusos foram cometidos, mesmo com abusador tendo feito a confissão.

Os crimes aconteceram há mais de 24 anos, mas a vítima ainda depende de medicamentos para tentar viver o seu dia a dia. Moradora do Rio de Janeiro, ela contou como aconteceu o primeiro abuso;

 “O primeiro abuso aconteceu na casa da minha mãe, quando eu tinha 3 anos. Os outros aconteceram na casa do meu avô paterno, no bairro Vicente de Carvalho, onde meu tio morava. Eles se repetiram por várias vezes, até os meus 11 anos, mas eu não entendia o que estava acontecendo”.

“Minha mãe lavava roupa para outras pessoas, a gente era muito pobre. Ela saiu para levar as roupas e pediu ao meu tio que ficasse comigo lá em casa. Ele me colocou dentro do quarto e começou a me forçar um sexo oral, o primeiro estupro. Ele colocava o pênis na minha boca, eu fechava a boca. Ele abria ela de novo até ‘finalizar’ o que queria”.

Quanto Carla tinha idade entre 4 e 5 anos, os abusos continuaram; . “Eu lembro pela altura do meu cabelo, usava muito amarrado, com rabo de cavalo. Eu era bem loirinha na época. Minha mãe ia trabalhar, aí eu, meu irmão e minha prima ficávamos em casa”.

No relato de Carla ela disse; “Ele inventava ‘brincadeiras’ para poder se esfregar em mim. Falava que eu era uma boa menina, que eu não poderia contar para ninguém. Eu arranho a minha pele até hoje, onde ele se esfregava. Sou obrigada a cortar as unhas para parar de me machucar”.

“Ele não me penetrava mais, inventava que estava brincando. Me levava para o quarto e dizia que era uma brincadeira de dança. Ele colocava o pênis para fora e esfregava no meu corpo, ‘roçava’ na minha vagina. Ele sabia exatamente o que ele estava fazendo. Isso aconteceu por várias vezes. “

“Pedia para morrer”

Para conseguir hoje abordar o assunto com enfrentamento, a vítima procurou fazer tratamento psicológico para tratar dos traumas resultantes dos estupros.

Entre os 7 e 11 anos os estupros continuaram, sendo nessa fase os piores abusos, o tio já havia se mudado da casa, mas não deixou de violentar a menina; “Eu ia na casa do meu avô quase todos os fins de semana. Muitas pessoas da minha família moram ali perto. Nesse dia, estavam todos na casa da minha tia, que era vizinha do meu avô na época. Como já estávamos ali o dia todo, fiquei com sono e fui na casa do meu avô dormir um pouco”.

“Eu lembro de já estar dormindo em uma cama de solteiro, em um corredorzinho que tinha casa. Acordei com uma dor muito forte, senti um peso muito grande, não conseguia me virar. Percebi que era ele em cima, pedi por favor para ele parar, pois estava doendo.”

“Esse dia ele praticou estupro anal, na cama do meu avô. Tive sangramentos, minha mãe e meu pai me levaram ao médico. Foi identificada uma infecção intestinal, o médico nem tocou em mim. Como eu não sabia o que tinha ocorrido, não falei nada. O médico concluiu que a infecção que tive foi por conta de amendoins que eu tinha comido. Fiquei muitos anos proibida de comer amendoim de novo, até isso ele tirou de mim. Depois disso, ele arranjou outras formas de me estuprar”.

“Eu sempre fui muito miúda, franzina. Ele tampou a minha boca, a mão dele era muito grande, tampava minha boca e meu nariz ao mesmo tempo, só tinha medo de morrer naquela hora. Pedia a Deus para não morrer. Ele escutou o barulho de alguém abrindo uma porta, aí saiu correndo pelo portão. A única coisa que fiz foi vestir minha calça e chorar muito, até dormir”.

Cursando o ensino fundamental, Carla tinha 15 anos, quando só então se deu conta realmente de que foi violentada; “Era uma aula de educação sexual, na 8ª série. Quando foram explicando tudo, só conseguia me sentir culpada, que eu merecia passar por tudo aquilo. As falas dele, dizendo que eu era boazinha e que não ia contar para ninguém, ecoavam na minha cabeça”.

“Tive uma tentativa de suicídio no dia em que eu contei para a minha família. A ‘caixinha’ abriu, tive muitas sensações. Nesse período, eu já estava tomando medicações e tomei toda uma cartela inteira de rivotril. Meu namorado veio e me levou na UPA, o médico prescreveu vários remédios. Disse para eu tomar bastante água, em vez de dormir, fiquei acelerada”.

“Contei tudo, mostrei o áudio da minha prima, que é minha testemunha. Minha prima sabia, mas também não contou nada para ninguém”.

A prima da vítima concedeu entrevista ao portal BHAZ dizendo;  “Nós ficávamos com a minha tia, já falecida. A gente ia brincar na casa debaixo, ele chamava a gente para brincar de ginástica, era brincadeira mesmo, mas sempre muito rápido. Quando era com a Carla, ele colocava ela dentro do quarto e fechava a porta. Nunca entendíamos o motivo, e porque demorava tanto. Só depois que tudo fez sentido”.

Após Carla contar para a família os estupros, foram a casa do homem; “Foi aí que fiz as filmagens, fiz ele confessar. Primeiro ele diz que não, mas depois assume tudo. Quando ele viu meu irmão, ele viu que não tinha mais como mentir. Ele confessou tudo na frente do sogro, cunhada, namorada, na minha frente. Ele pediu perdão”.

O estuprador disse no vídeo; “Eu mudei de lá para cá, me arrependo demais. Quando conheci minha esposa, minha vida mudou. Eu não sou esse monstro que vocês estão pensando. Peço desculpas, de coração, ajoelho aqui se for preciso. Eu não sou mais assim”, e continuou;

“Hoje eu posso falar para vocês, jamais faria isso novamente. Eu não queria fazer ela sofrer. Eu tinha muito medo disso acontecer, pedia muito a Deus para não chegar esse momento. Mas eu sabia que isso acontecer. Eu chorei muito. Pedi para você [Carla] não contar. Não destrua essa amizade tão bonita que tenho com meu irmão”.

“Eu tenho uma filha de 19 anos, eu nunca abusei dela ou do meu filho. Foi com você, mas com mais ninguém. Eu não sei [o que passava pela minha cabeça], hoje não sou essa pessoa”, completou o abusador.

A vítima se tornou ativista contra abusos sexuais; “Criei o grupo ‘Florescendo Vanessas’, de apoio a vítimas de abusos. Converso com as mulheres, tento ajudar da forma que posso. Posto relatos anônimos, quero que ninguém passe mais pelo que passei”, contou.

Foto: reprodução

Fonte: BHAZ

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