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“A minha geração não aceita gente que para de trabalhar para cuidar de filho”

Karina diz que sente que é incompreendida por várias pessoas porque tomou a decisão de abandonar a vida profissional para se dedicar aos filhos

Karina Fernandes Magnanelli, 32, que trabalhava como analista comercial, tomou uma decisão que causa incompreensão de muitas pessoas, ela largou a vida profissional para se dedicar de forma integral aos filhos.

Trabalhando há 12 anos na mesma empresa, Karina conta que a decisão foi muito pensada e se fundamentou na vontade que ela tinha de colocar a filha, Laura (5), em uma escola melhor em tempo integral, mas não ter como arcar com essa despesa.

Não dava para pagar o integral, ficaria inviável. Também não queria deixar meus filhos com uma pessoa desconhecida à tarde. Eu queria acompanhar mais de perto essa fase em que começam a entender e  questionar”, afirma Karina.

Além de Laura, Karina também é mãe de Guilherme (3), e ela diz que pensava em ficar mais tempo com eles, pois nesta fase aumentam as descobertas e ela sentia necessidade de participar mais ativamente.

Os gastos também forma apontados e ela concluiu que ficar em casa com eles sairia mais em conta, do que pagar as escolas, todo as outras despesas, e ainda alguma pessoa para o resto das horas.

“A conta fechou. Trabalhando eu tinha um gasto que hoje não tenho com combustível, estacionamento, almoços com clientes. O gasto com roupa é maior quando a gente trabalha fora.”

Karina diz que se sente como muitas outras mães que tomaram essa decisão e relatam que sentem que são incompreendidas.

“A minha geração não aceita gente que para de trabalhar para cuidar de filho. Não tenho quase nenhuma amiga em casa cuidando de filho. A maioria deixa em escolas, com babá ou com os avós.”

Ela diz que sente o quanto isso pesa, pela quantidade de vezes em que é questionada sobre quando pretende voltar ao mercado de trabalho.

“Não é bem aceito [ficar em casa]. As pessoas pensam que a gente não vai mais progredir. Só que em casa a gente tem um mundo para participar”.

Mas Karina diz que está realizada com sua decisão e que por enquanto voltar ao trabalho fora não está em seus planos.

“Era um mundo muito ingrato com as mães, muito competitivo. É preciso ter disponibilidade de tempo para ficar viajando e eu, com filho pequeno, não consigo.”

Ela afirma que quando o pequeno Guilherme estiver maior, ela pensa em dar andamento a um antigo projeto.

“Quando ele estiver com 6 anos, quero voltar a estudar e fazer uma faculdade de psicologia.”

Mas ela diz que se sente recompensada por ter feito essa escolha, pois percebe que hoje seus filhos tem mais qualidade de vida.

“Antes, tinham uma rotina de adulto, da escola para casa. Hoje faço tudo com eles. Eu me surpreendi com a evolução que eles tiveram, demandam muito menos tempo agora.”

A verdade é que cada família deve resolver qual é a sua melhor forma de conciliar a vida profissional com os filhos.

O importante é que todos os membros da família fiquem bem com a decisão.

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