O motorista encerrou a corrida ainda durante o trajeto porque a criança autista teve uma crise dentro do carro.
No último domingo (20), uma mãe postou um desabafo revoltante sobre um caso que aconteceu em Paulista (PE). A família chamou um carro pelo aplicativo Uber e durante o trajeto a criança que é autista teve uma crise, e o motorista ordenou que a família descesse do carro às margens da BR-101.
Ele não merece ser tratado assim”, escreveu a artesã Elaine Caroline em seu perfil no Facebook sobre a experiência.
Em entrevista do Portal Singularidades, ela explicou mais detalhes do caso.
“Meu pai foi na frente e o meu esposo e eu ficamos atrás, Luigi no meio. Colocamos a cadeirinha, mas ele estava muito agitado, chorando e esperneando. Assim que colocamos, ele começou a gritar muito e ficar desesperado” relata.
Segundo Elaine, pouco tempo depois de iniciar a corrida, o motorista se mostrou incomodado com a crise do menino e ameaçou expulsá-los do veículo.
“Estávamos já no caminho quando o motorista avisou que se ele continuasse daquele jeito iria encerrar a corrida. Meu esposo avisou que iríamos tentar acalmar ele. 30 segundos depois (claro que não iriamos acalmá-lo nesse tempo), o motorista parou e imediatamente pediu que saíssemos do carro dele. Eu falei que o meu filho tinha autismo e que a crise se deu pela condição dele. Ele disse que não se importava”, conta.
A mãe conta que ao fazer a postagem não imaginou que o caso teria tamanha repercussão na internet.
“Inicialmente eu queria mostrar apenas a indignação pelo fato. Queria que as pessoas entendessem que o mundo é diverso e que está tudo bem. Que as pessoas tentem se colocar no lugar dos outros. Nem imaginei que teria uma repercussão e que muitos familiares de pessoas no espectro se identificariam com o que aconteceu e se solidarizariam”, afirma a artesã, que preferiu deixar o post apenas para amigos para se preservar.
Ela contou que logo em seguida a família conseguiu voltar para casa com outro motorista que entendeu tudo e os levou em segurança.
“Ele achou estranho que estivéssemos na beira da BR, mas explicamos tudo. Luigi já estava calmo e graças a Deus chegamos em casa sem mais problemas”, escreveu.
Ela disse que ficou muito emocionada com o apoio que têm recebido de pessoas que também têm filhos especiais.
“A gente pode ter apoio nos lugares que menos esperamos. E apesar de acontecerem coisas ruins, sempre vale a pena lutar para que algo melhore”, finaliza.
Em nota, a Uber lamentou o caso:
“A Uber leva esse tipo denúncia muito a sério e lamentamos que essa situação tenha ocorrido dentro da nossa plataforma. A empresa tem uma política de tolerância zero a qualquer forma de discriminação em viagens pelo aplicativo e se orgulha em oferecer opções de mobilidade eficientes e acessíveis para todos. Assim que soubemos do incidente, entramos em contato com a família da criança para oferecer apoio e tomar as medidas necessárias. A Uber defende o respeito à diversidade e reafirma o seu compromisso de promover o respeito, igualdade e inclusão para todas as pessoas que utilizam o nosso app”.