Depois da grande repercussão que a matéria publicada pela revista Crescer, trazendo um depoimento de uma mãe que afirmou que a filha teve acesso a um vídeo inocente do conteúdo infantil e que no meio aparecia a macabra personagem Momo que lança desafios terríveis e maléficos às crianças, a plataforma se manifestou, negando que os vídeos alterados para assustar as crianças estejam no aplicativo.
Com a grande preocupação que foi gerada depois da matéria da Crescer,Cauã Taborda, gerente de comunicação do YouTube na América Latina, afirmou que o vídeo nunca esteve no YouTube Kids, que é a parte da plataforma dedicada à crianças de até 13 anos.
“Além da análise automática, que existe também no YouTube convencional, no YouTube Kids, contamos com a curadoria humana feita por mais de 10 mil pessoas. Elas, basicamente, pegam o conteúdo que está disponível no YouTube e filtram os conteúdos infantis, certificando-se que, de fato, são adequados para esse público. Só então aquele conteúdo fica disponível para o Kids”, diz.
Segundo ele, o sistema de segurança de conteúdo da plataforma, é totalmente protegido contra hackers, não sendo possível alterar.
“Para que um hacker ou qualquer pessoa mal intencionada possa fazer uma alteração grave dessas nos vídeos já existentes, seria necessário que ela retirasse o vídeo do ar e fizesse novamente o upload no aplicativo. Mas ainda assim ele seria barrado”, garante.
No site do Youtube Kids, consta o seguinte aviso:
“Utilizamos uma mistura de filtros e comentários de utilizadores, além de revisores humanos, para que os vídeos no YouTube Kids sejam adequados a toda a família. Porém, nenhum sistema é perfeito e pode deixar passar vídeos impróprios”. Questionado se o vídeo do Momo não poderia ter passado pelo sistema, porém, o porta-voz garante que não.
“Esse conteúdo impróprio a que se refere o site diz respeito à linguagem imprópria, tipo de conteúdo que coloca determinado desenho numa outra situação, que não é a habitual dele, ou qualquer outra coisa mais branda, sutil. Nada comparado à imagem explícita e assustadora da Momo”, diz.
Cauã diz que houve uma confusão com o Youtube e o Youtube Kids.
“As pessoas confundem o que é o Yotube Kids e o que é o YouTube convencional. Se um adulto estiver logado na sua conta do Youtube convencional e procurar por ‘Momo’, poderá, sim, encontrar vários vídeos em que ela aparece. O mesmo poderá acontecer com a criança, caso pegue o tablet ou o celular dos pais, com os apps logados na conta deles”, diz.
Por essa razão, especialistas e o próprio Cauã afirmam que é fundamental a supervisão dos pais, com relação ao que os filhos assistem.
“Mesmo que o conteúdo seja adequado e, portanto, liberado, se o pai julgar que não gosta de determinada animação, por exemplo, ele pode bloquear o vídeo ou até mesmo o canal em questão, atuando, assim, como um curador do conteúdo também”, recomenda.
Com relação a razão de ainda existir imagens da Momo na plataforma ele explica:
“Barrar todas as imagens desse tipo do YouTube resultaria também em retirar conteúdos jornalísticos, como a própria matéria da CRESCER, caso estivesse na plataforma, além de vídeos explicativos e tantas outras abordagens, que não são nocivas e falam sobre a Momo. Seria não respeitar a liberdade de expressão das pessoas”, argumenta.