Mais de um ano de idas e vindas do hospital, as gêmeas Maria Ysabelle e Maria Ysadora, de 2 anos, que nasceram unidas pela cabeça, finalmente vão para casa.
As pequenas irmãs gêmeas Maria Ysabelle e Maria Ysadora, de 2 anos, que nasceram ligadas pela cabeça, finalmente vão poder ir para a casa com os pais.
A família que estava no Hospital das Clínicas (HC) de Ribeirão Preto (SP), há 40 dias para realização da cirurgia final de separação das meninas, ganhou alta médica na última sexta-feira (7).
Eles devem passar o natal em Ribeirão Preto e depois vão para Patacas, distrito de Aquiraz, no Ceará, onde a família mora e as irmãs nasceram.
“A felicidade é muito grande, de poder sair com elas bem e em tão pouco tempo de cirurgia. Agora a gente vai poder passear com elas e, no dia 27, vamos para Fortaleza. Na virada do ano a gente vai levar elas para conhecer a praia, que elas não conhecem ainda”, planeja o pai das meninas, Diego Freitas Farias.
Essa será a primeira viagem que elas farão desde o início do tratamento, e a mãe Débora Freitas, acredita que será uma nova vida para a família.
“Meu coração está a mil. Não vejo a hora de sair daqui, estou contando os minutos. Eu falo que elas têm duas datas de nascimento: o dia 1º de julho é o dia em que elas nasceram, mesmo juntinhas, e que foi um aprendizado que Deus dá para quem pode superar tudo isso; e o dia 27 de outubro, que foi o dia que elas nasceram separadinhas, do jeito que era para elas nascerem”, diz.
A cirurgia inédita no país, coordenada pelo professor e neurocirurgião Hélio Rubens Machado, contou com a participação do especialista americano James Goodrich, e foi publicada nos principais jornais de medicina do mundo.
“É extremamente gratificante chegar ao final. Provavelmente, toda a nossa programação foi correta, era isso que tinha que ser feito e o resultado está aí”, afirma Machado.
Ricardo Oliveira, neurocirugião que também participou do processo de tratamento e evolução disse:
“Elas estão muito bem depois da separação. Nós notamos nitidamente uma grande evolução nas últimas semanas, estão muito mais ativas nesse momento. Ver elas indo embora sorrindo, ativas, é de muita satisfação, um trabalho coroado com a alta delas”, afirma.
A despedida da família emocionou a toda equipe médica, que conviveu com eles todo esse tempo.
“Muitas saudades. Depois de tanto tempo, quase todos os dias pensando nelas, trabalhando por elas, então a gente vai sentir muita falta sim”, diz Maristela Bergamo, pediatra responsável por acompanhar o tratamento das meninas.
Em janeiro elas devem voltar a Ribeirão para fazer a reabilitação, pois passaram muito tempo deitadas e agora terão que recuperar musculatura e aprender a andar e ter postura.
“Elas precisam adquirir tônus muscular, postura correta, além da reabilitação da parte cognitiva. Desenvolver a parte da fala, da linguagem, da memória. Para isso, elas serão estimuladas em terapia ocupacional, psicologia, uma série de coisas que a gente junta no nome ‘reabilitação’. A finalidade é vê-las adaptadas para entrar na escola, correr, brincar, conviver com outras crianças. Esse é um planejamento de médio e longo prazo”, explica Machado.