Youtuber responde ação por ‘dano social coletivo’, após ato de racismo contra jogador da seleção francesa, Kylian Mbappé.
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Eduardo Valério e Bruno Orsini Simonetti, promotores de Justiça de Direitos Humanos ajuizaram uma ação civil pública contra o Youtuber Júlio Cocielo por racismo.
Ministério Público ajuizou ação contra Julio Cocielo por dano social.
O pedido da promotoria de Direitos Humanos é que o Youtuber pague uma quantia estimada em R$ 7 milhões de reais, por “dano social coletivo”, e que seu sigilo bancário seja quebrado, para que seja subsidiada a sua condenação na obrigação de pagar a quantia imposta.
As informações foram divulgadas pelo próprio Ministério Público.
Polêmica começou na Copa do mundo de 2018
Tudo começou quando o Julio Cocielo publicou em sua conta em uma rede social um post que de cunho racista contra o jogador de futebol da seleção francesa Kylian Mbappé.
A postagem dizia a seguinte frase:
“Mbappé conseguiria fazer uns (sic) arrastão top na praia, heim?”
Logo internautas começaram a criticar a postu a do influenciador digital, que têm responsabilidade social sobre o que manifesta nas redes sociais, onde ele é muito conhecido e admirado por crianças e adolescentes.
Após a repercussão negativa da postagem, Cocielo removeu a publicação e fez um vídeo se desculpando.
“Eu to aqui consciente do meu erro, não quero tentar ter razão ou querer debater pela razão em cima de uma coisa que eu realmente não tenho razão nenhuma”.
“Estava tendo o jogo da França, o jogador correu do campo de defesa até o ataque a 32 km/h. E eu fiz um comentário muito zuado, mal explicado, e gerou toda essa confusão. eu tentei me referir a velocidade dele. e o comentário foi tão infeliz e mal explicado que acabou ofendendo algumas pessoas”, afirmou.
Ele disse ainda que apesar de não ter intenção de ofender ninguém entendia a revolta que sua publicação havia causado.
“Em meio a tudo isso, eu queria entender. E eu fui atrás desse erro e agradeço às pessoas que souberam me ouvir e me explicaram sobre o racismo institucional e o racismo velado”, disse.
“A partir desse momento que eu entendi, eu percebi que é importante, todo mundo deveria aprender e entender. é uma parada que a gente deveria prestar atenção nas estatísticas. Muito negro morre sendo confundido com bandido”, ressaltou.
No vídeo ele relembrou o caso de um homem negro que ao entrar no próprio carro foi confundido com um ladrão.
“No meu caso, a minha ignorância foi combatida com conhecimento. e quando eu fiz esse tuíte logo em seguida eu deletei, porque quem me conhece sabe que meu intuito nunca foi ofender ninguém. e quando eu vi que estava ofendendo eu deletei. eu apaguei 50 mil tuítes ou mais. eu apaguei porque eu quero recomeçar. a partir de agora, quero aprender com meu erro”, completou.
Veja a argumentação da promotoria na ação contra Cocielo:
“Trata-se de um jovem jogador negro, francês de ascendência camaronesa, de compleição física robusta e que mostrou, nos jogos da seleção francesa na Copa da Rússia, impressionantes velocidade e explosão, daí advindo, em notória manifestação de racismo, a sua associação com os assaltantes (negros, na ótica do autor) que praticam crimes de roubo nas praias brasileiras, sobretudo fluminenses, sempre sob contínua e desabalada corrida.”
Ainda segundo a promotoria, Cocielo fez postagens de cunho racista sistematicamente, entre 2010 e 2018.
No entendimento da promotoria o Youtuber usava sua influência digital para violar direitos fundamentais além de ofender e violar os direitos humanos, a Constituição Federal e Tratados Internacionais de Direitos Humanos.
Cocielo também teria apagado mais de 50 mil twittes para tentar diminuir a desaprovação e repercussão negativa gerada, e também evitar de responder legalmente por outras ofensas aos Direitos Humanos.