Nos últimos tempos, viajar de avião tem se mostrado uma opção cada vez mais acessível e atraente. Com passagens mais em conta, diversas rotas disponíveis, rapidez e conforto, o transporte aéreo é uma excelente escolha, especialmente para longas distâncias. Além disso, o avião é considerado um dos meios de transporte mais seguros que existem — a probabilidade de acidentes é cerca de 10 vezes menor em comparação a viagens de carro, por exemplo.
As estatísticas sobre incidentes com aeronaves são surpreendentes: a chance de um acidente ocorrer é de uma em três milhões. Além disso, as companhias aéreas investem continuamente na melhoria dos aviões, o que reflete em um aumento significativo na segurança ao longo dos anos. Três décadas atrás, a possibilidade de um acidente era de uma em 140 milhões de milhas voadas; hoje, essa probabilidade é de uma em 1,4 bilhão de milhas.
Mesmo com números tão positivos, quando se está a muitos quilômetros acima da terra, é natural se questionar sobre as medidas de segurança em voo. Um dos questionamentos mais comuns é: por que não há paraquedas para os passageiros ou até mesmo para a aeronave?
Em altitudes elevadas, o uso de paraquedas é amplamente conhecido e valorizado. Aviões menores já são equipados com paraquedas que funcionam como um tipo de freio, ajudando a minimizar impactos. Diante disso, por que os aviões comerciais ainda não adotaram essa solução? Será que um paraquedas não seria mais seguro do que um assento flutuante?
Fator Tempo e Altitude
Embora acidentes de avião sejam raros, eles costumam ser devastadores, com poucos sobreviventes. A análise dos acidentes mais comuns revela que muitos ocorrem logo após a decolagem ou durante o pouso. Nessas situações, não haveria tempo ou altitude suficientes para que um paraquedas pudesse ser utilizado de forma eficaz pelos passageiros — e tampouco pela aeronave, que precisaria de um esforço considerável e tempo maior para ser “freada”.
Por exemplo, no trágico voo Air France 447 (Rio-Paris, 2009), em que mais de 200 pessoas perderam a vida, o Airbus caiu de uma altitude de 11,5 quilômetros em apenas 3 minutos e 30 segundos no Oceano Atlântico. A rapidez da queda impossibilitou que os passageiros conseguissem vestir paraquedas ou mesmo saltar do avião — sem contar a histeria coletiva que um evento desse porte poderia desencadear. Além disso, a velocidade de uma queda como essa é tão grande que até mesmo os tripulantes teriam dificuldades em alertar os passageiros a tempo.
Inexperiência dos Passageiros
Embora pareça simples (colocar o paraquedas, saltar e puxar a corda), o uso seguro de um paraquedas exige treinamento específico — algo que não poderia ser aprendido apenas nas instruções de segurança passadas pelos comissários antes do voo.
Nem todos estariam aptos a usar um paraquedas. Imagine uma mãe saltando de uma grande altitude com um bebê nos braços ou um idoso carregando um paraquedas pesado enquanto o avião está em queda livre. Crianças e pessoas com necessidades especiais também teriam grandes dificuldades em utilizar o equipamento adequadamente, tornando o paraquedas mais um obstáculo do que uma solução.
Estrutura dos Aviões Comerciais
As diferenças entre um avião militar C-130 Hercules, projetado para transportar tropas e carga, incluindo paraquedistas, e um avião comercial são enormes. O C-130 possui uma rampa traseira que pode ser aberta durante o voo, assentos laterais e uma fuselagem mais ampla. Já os aviões comerciais são projetados com uma estrutura mais compacta, portas que não foram feitas para abrir durante o voo e menos espaço para o movimento dos passageiros.
Se fosse possível realizar saltos de paraquedas em aviões comerciais, surgiria outro problema: a despressurização. Em altitudes elevadas e a velocidades de até 800 km/h, abrir a porta do avião poderia resultar na morte dos passageiros antes mesmo de saltarem, devido à pressão e temperaturas extremamente baixas.
Peso dos Aviões Comerciais
Aviões menores, que transportam poucos passageiros e são mais leves, conseguem utilizar paraquedas como um meio de reduzir o impacto de uma queda. Contudo, os aviões comerciais, por serem muito maiores e mais pesados, não poderiam se beneficiar da mesma forma.