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Marcos Mion: Autismo não é o fim do mundo

O apresentador Marcos Mion falou sobre o autismo e os desafios que envolve a responsabilidade de cuidar de uma criança especial, explicando que não é o fim do mundo ter um filho autista.

“Autismo não é o fim do mundo. Mas é, sim, uma mudança de foco, de rumo e de vida!”, disse Mion.

Ter um filho significa reunir forças para viver o desafio diário de apoiá-lo, aprender e entender os sinais da comunicação, no caso do autista, estabelecer uma conexão em que ele se sinta seguro.

Algumas famílias se assustam quando recebem o diagnóstico de que a criança é portadora de algum transtorno, por isso o melhor caminho é a informação.

Falar com médicos, conversar com especialistas, participar de grupos, ajuda a entender melhor e como oferecer o melhor tratamento ao filho autista. 

O texto de Marcos Mion, contribui para que outros pais entendam como ele lida com o filho autista;

“Drama está entre aspas porque não acredito que seja. Considero uma chance única que meu filho me deu de me tornar um ser humano melhor ao acompanhá-lo num patamar elevado de valores, sentimentos e entendimento do que são as coisas que valem a pena nesta vida.

E minha resposta alegre – em contraste com a tristeza e desolação em 90% das vezes que me abordam – é para dar um choque cultural mesmo! 

Se sou exemplo para mais de 2 milhões de famílias diagnosticadas no Brasil, que já comecem me seguindo nesta certeza: que em 2018, num mundo inclusivo, com tanta gente lutando pelos seus direitos e o conteúdo do que é considerado normal sendo reescrito, autismo não é o fim do mundo. Mas é, sim, uma mudança de foco, de rumo e de vida!

Se você considera que cuidar de um filho especial é uma tragédia que vai destruir sua existência, seus sonhos, sua imagem de uma família perfeita, pode apostar que vai mesmo. 

A vida nos reserva surpresas, e está para nascer a pessoa que passou incólume por ela! 

O que me deixa sorridente e feliz é a sabedoria de aceitar e encarar como minha missão.

Se eu ficar preso ao que poderia ter sido, se eu ficar refém do “e se…”, a vida deixa de ter brilho. Torna-se um peso difícil de aguentar.

E o autismo? O autismo é uma caixinha de surpresas! Cada vez mais aparecem casos como o do fantástico Naoki Higashida [um dos mais conhecidos escritores do Japão], um austista não verbal que por anos foi desacreditado, considerado uma pessoa social e produtivamente inválida, pois não consegue falar e, por consequência, não se comunicava de forma alguma. 

Imaginem uma criança cheia de tiques, com os famosos movimentos repetitivos e cadenciados característicos do espectro, e com o agravante de, quando tenta se comunicar, emite sons que fazem qualquer leigo torcer o nariz.

Tudo isso até os 13 anos, quando ofereceram a ele uma tábua de comunicação (alphabet grid), uma estrutura simples com as letras escritas. 

Para susto geral, ele começou a apontar letras até entenderem que formava palavras!

Uma criança que nunca falou, que sempre foi considerada socialmente morta, achou uma forma de gritar e esfregar na nossa cara que o fato de ela não ser sociavelmente funcional não significa que ela seja 0% pensante, inteligente, criativa, produtiva…

Pelo contrário: foi provado que ele entende tudo o que está sendo falado e acontecendo ao seu redor. 

Inclusive fazendo metáforas, consideradas um enorme desafio para o entendimento das crianças com autismo por serem extremamente literais. Naoki, à sua forma, mostra empatia e um alcance emocional que pessoas rasas chamariam de normal.

Normal…hahaha! O autismo está aqui para redefinir o que é normal.

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