Na última sexta-feira (1º), dezenas de manifestantes na Nigéria foram formalmente acusados de crimes graves após participarem de protestos contra o aumento do custo de vida. Entre os acusados, há 29 adolescentes que, segundo a Associated Press, podem enfrentar a pena de morte.
Ao todo, 76 manifestantes foram acusados de dez infrações graves, incluindo traição, vandalismo, distúrbios da ordem pública e motim.
Os adolescentes, com idades entre 14 e 17 anos, estão entre os réus. “Levar menores perante um tribunal federal superior é errado, exceto se o governo for capaz de provar que todos os meninos têm mais de 19 anos”,“ afirmou Akintayo Balogun, advogado atuante na Nigéria, à agência de notícias.
O tribunal determinou uma fiança de 10 milhões de nairas (cerca de R$ 34,8 mil) para cada réu, com condições rigorosas que, até o momento, não foram cumpridas, conforme relatou Marshal Abubakar, advogado de alguns dos adolescentes.
“Essas crianças estão presas há 90 dias sem acesso adequado a alimentos”, destacou Abubakar. Durante a audiência no Supremo Tribunal, quatro adolescentes desmaiaram por exaustão antes mesmo de serem interrogados.
Yemi Adamolekun, diretor-executivo da ONG nigeriana Enough is Enough, criticou as acusações. “A presidente do Supremo Tribunal da Nigéria deveria sentir vergonha. Ela é uma mulher e também uma mãe”, disse ele.
A pena de morte foi instituída na Nigéria na década de 1970. Desde 2016, o país não executa sentenças de morte, de acordo com a Associated Press.