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Mães são excluídas de rolês: “Acham que a gente só quer limpar fralda”

Muitas mulheres percebem que depois de se tornarem mães, elas perdem grande parte dos amigos e já não são bem vindas nas festas e confraternizações entre amigos.

Há muito tempo vem se discutindo a cobrança da sociedade com relação as mulheres e em especial as que se tornam mães.

E uma queixa da maioria dessas mulheres, é que elas passam a não ser mais bem vindas em festas e confraternizações entre amigos e muitas vezes até em família.

Priscila Duarte, é uma professora carioca, mãe de duas meninas, uma de 3 e outra de 4 anos, e uma situação que ela vivenciou viralizou nas redes sociais.

Ela foi desconvidada de um churrasco ao dizer que levaria as filhas junto.

“Era aniversário de um amigo meu da época da escola. Um dia antes da festa, passei na casa dele com as minhas filhas. Assim que saí de lá, recebi mensagens falando que não era para eu ir, caso minhas meninas fossem”, conta ela à Universa.

“Fiquei chocada com a situação e sem reação. Ainda agradeci o convite. Nunca tinha acontecido isso antes. Nos conhecemos desde que tínhamos 11 anos e achei que ele estava brincando, mas não era”, lamenta ela, que ainda se sentiu na obrigação de se justificar.

“As minhas meninas são educadas, gentis, mas falantes, brincalhonas. Estão na fase dos ‘porquês’, o que não é um bicho de sete cabeças. Não quebram nada nem mexem sem pedir. Sou rigorosa ao extremo, chego até a ser chata.”.

Ela contou que depois disso, ela e o amigo não se falaram mais, e que ela promoveu um encontro com outra turma onde suas filhas puderam participar.

“Meus amigos fiéis se reuniram e fizemos uma baita social, com direito a muito churrasco. Lá, estava acolhida, as meninas foram muito bem recebidas, dançaram, mesmo tendo apenas uma mãe no grupo, além de mim”, conta Priscila.


Nathalia Hammerl, 20, é uma paulistana que tem um bebê de 6 meses e afiram que esse tipo de situação é muito mais comum do que se imagina, e que ela se sente abandonada pelos amigos e até mesmo pelo pai e a irmã.

“Moro com minha irmã e sempre vejo meu pai indo viajar com ela, saindo para jantar, passear em algum lugar bacana. Depois que meu filho nasceu quase não me chamam mais. Muitos amigos também não me convidam. E o comentário é sempre: ‘Nem te convidei porque não tinha como, né?”; enquanto olham para o meu filho. Sabe, não é balada, festa, mas um passeio, almoço.”.

“A galera acha que o bebê vai ficar chorando e criará um ‘climão’ ou que a gente muda 100% quando vira mãe e não quer mais se divertir, só limpar fralda. Eu me sinto excluída.”

Ela explicou que teve que adaptar a antiga rotina com as possibilidade da nova vida, e que uma delas é os encontros com outras mulheres que têm filhos e passam pela mesma situação.

“Ele vai comigo para todos os lugares, claro, com restrição de horário e clima. Mas se vou a um barzinho beber uma cerveja com amigos ou a um churrasco de família, ele vai. Até show à tarde na Virada Cultural eu o levei.”.

“Ser mãe é meu maior orgulho, mas sou mulher, sou a Nathalia.”.

Segmentação de público

Agora, com a vida moderna, além das amizades e da família muitas vezes não terem paciência para o convívio com as crianças, alguns estabelecimento também criaram o chamado estabelecimento segmentado.

“Há os que incentivam a hospedagem de famílias com crianças, os que oferecem serviços especiais para quem leva um animal, os especializados em golfe… Quem dita as regras é o mercado e as normas legais de cada destino”, diz a ABIH (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis), em nota à Universa.


Paulo Solmucci, presidente executivo da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), afirma que quem dita as regras são os próprios consumidores.

“O setor tem públicos variados, e segmentar é uma estratégia comum e importante.”.

Lúcia Helena Fernandes de Barros, advogada coordenadora da área cível do escritório Fialdini Advogados, em São Paulo, explica que não existe uma lei que diga que um estabelecimento não possa proibir a entrada de crianças.

“O Código de Defesa do Consumidor determina que a relação entre estabelecimento e consumidor seja transparente”.

Ou seja, o estabelecimento pode proibir ou restringe a entrada de crianças em suas dependências, desde que isso seja comunicado de forma clara, seja com avisos nas suas redes sociais, no seu site e com placa visível na entrada.


Priscila e as filhas de 3 e 4 anos que são “pequenas e agitadas”Imagem: Arquivo Pessoal

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