Diego Paiva dos Santos, um jovem de 20 anos, faleceu em agosto devido a um infarto pulmonar. Após contrair uma infecção, ele foi internado em estado grave, apresentando um quadro de choque séptico. Nos primeiros quatro dias de tratamento, seus órgãos vitais, como fígado, rins e coração, começaram a responder positivamente. No entanto, os pulmões não apresentaram melhora, o que culminou em sua morte.
Lia Paiva, mãe de Diego, compartilhou uma imagem de raio-X do pulmão do filho e revelou que ele utilizava cigarro eletrônico, ou vape, desde os 15 anos. A radiografia mostra um pulmão significativamente inflamado, com uma coloração esbranquiçada, o que é um sinal claro de uma condição séria.
EVALI: A Lesão Pulmonar Associada ao Uso de Cigarros Eletrônicos
De acordo com Fred Fernandes, médico da diretoria da Sociedade Paulista de Pneumologia, a imagem pulmonar de Diego sugere um possível caso de EVALI, uma lesão pulmonar diretamente ligada ao uso de produtos de cigarro eletrônico.
Os cigarros eletrônicos funcionam aquecendo líquidos que contêm substâncias como nicotina, propilenoglicol, glicerina vegetal e aromatizantes. Esses líquidos podem liberar compostos tóxicos que, ao atingirem os pulmões, provocam irritação nos alvéolos, desencadeando um processo inflamatório.
“O pulmão, em um raio-X saudável, deve aparecer predominantemente preto, pois é preenchido por ar”, explica o Dr. Fred Fernandes.Com a evali, a pessoa vai ter uma consolidação em vários campos pulmonares, que é um monte de material inflamatório que exsuda (vaza) dos capilares pulmonares para dentro dos alvéolos. Os alvéolos precisam só ter ar. Esse preenchimento de alvéolos por esse material inflamatório impede a adequada troca gasosa”.
Efeitos a Longo Prazo e Potenciais Complicações
Essa lesão inflamatória pode causar danos permanentes ao pulmão, levando ao desenvolvimento de fibrose, uma condição em que o tecido pulmonar se torna cicatrizado e endurecido. Dependendo da gravidade, o paciente pode até precisar de um transplante pulmonar para sobreviver.
A crescente preocupação com EVALI levou o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) a iniciar uma investigação de emergência. Durante essa investigação, foi descoberto que muitos pacientes com a doença tinham o hábito de usar cigarros eletrônicos. Isso levou à classificação oficial da EVALI como uma condição relacionada ao uso desses dispositivos.
Inicialmente, a maioria dos casos de EVALI estava ligada ao uso de líquidos de cigarro eletrônico que continham acetato de vitamina E. Essa substância, quando aquecida e inalada, se mostrou altamente tóxica para os pulmões.
O Caso de Diego: A Visão de Sua Mãe
Embora o cigarro eletrônico não tenha sido apontado como a causa direta da morte de Diego, Lia Paiva acredita que ele desempenhou um papel significativo no agravamento do quadro de saúde do filho. “Não foi o vape que causou a morte do meu filho, mas o pulmão dele ficou comprometido pelo uso do vape e não conseguiu reagir a uma bactéria”, desabafou Lia.
Conclusão
O caso de Diego Paiva dos Santos destaca os perigos associados ao uso de cigarros eletrônicos, especialmente entre os jovens. Embora avanços tenham sido feitos para reduzir os casos de EVALI, o uso contínuo de vapes com novas substâncias ainda representa um risco significativo para a saúde pulmonar a longo prazo. Este caso é um lembrete do quanto é importante conscientizar a população sobre os perigos desses dispositivos e suas consequências, que podem ser fatais em alguns casos.