Primeiro caso de nova variante de mpox fora da África é registrado na Suécia: entenda a doença e sua transmissão
Em 13 de agosto de 2024, a Suécia confirmou o primeiro caso da nova variante da Mpox, uma doença que recentemente foi classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma “emergência de saúde pública de interesse global”. Este é o primeiro registro da variante fora do continente africano, conforme anunciou a Agência de Saúde Pública da Suécia.
De acordo com as informações divulgadas pela agência sueca em 15 de agosto, a pessoa infectada contraiu a doença enquanto estava em uma área da África atualmente impactada por um surto significativo da variante “clado 1” da mpox. Olivia Wigzell, diretora da agência sueca, explicou que o paciente procurou atendimento em Estocolmo, mas tranquilizou a população afirmando que não há risco iminente de propagação generalizada no país.
A mpox, antes conhecida como varíola dos macacos, é transmitida por meio de contato próximo com uma pessoa infectada, seja por relações sexuais ou através da exposição direta à pele ou à respiração do paciente.
Nos últimos meses, pelo menos 450 mortes foram registradas desde que o surto inicial foi identificado na República Democrática do Congo. Desde então, a doença se espalhou para outras regiões da África Central e Oriental.
Emergência global
Na quarta-feira, 14 de agosto, o Comitê de Emergência da OMS sobre mpox declarou que a rápida disseminação da doença em vários países africanos justificava a reclassificação como emergência global. Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, afirmou que equipes estão trabalhando ativamente nos países mais afetados, assim como em nações que correm o risco de enfrentar surtos, em colaboração com ONGs, parceiros locais e internacionais.
Essa nova declaração da OMS ocorre após uma situação semelhante em julho de 2022, quando a doença também foi considerada uma emergência global até que seu status foi revisado em 2023.
O surto atual da mpox é motivo de maior preocupação devido à nova variante do vírus, considerada pelos especialistas como a mais perigosa já identificada.
No Brasil, foram registrados 709 casos e 16 mortes por mpox em 2024. Diante da ameaça de um novo problema de saúde pública, o Ministério da Saúde convocou uma reunião para revisar as recomendações e atualizar o plano de contingência para a mpox no país. Em comunicado, o ministério afirmou que está monitorando a situação globalmente, em coordenação com a OMS e outras entidades, mas ressaltou que o risco para o Brasil é considerado baixo neste momento.
O que é a mpox?
A mpox é uma doença viral que pertence ao mesmo grupo de vírus da varíola, embora seja geralmente menos grave. O vírus foi inicialmente transmitido de animais para humanos, mas atualmente também circula entre pessoas. A doença é mais prevalente em regiões remotas da África, especialmente na República Democrática do Congo, onde milhares de casos e centenas de mortes são registrados anualmente, com crianças menores de 15 anos sendo particularmente vulneráveis.
Existem duas principais variantes do vírus. A “clado 1” é endêmica na África Central, enquanto a “clado 1b”, uma versão mais virulenta, está associada ao surto atual. Esta variante se espalha frequentemente por contatos próximos dentro de lares, infectando principalmente crianças.
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças da África relatou mais de 14,5 mil infecções e mais de 450 mortes por mpox entre janeiro e julho de 2024, um aumento de 160% nos casos e de 19% nas mortes em comparação ao mesmo período de 2023. Embora 96% dos casos de mpox ocorram na República Democrática do Congo, a doença também se espalhou para países vizinhos como Burundi, Quênia, Ruanda e Uganda.
Uma variante mais leve da mpox, pertencente ao “clado 2”, causou um surto global em 2022, propagando-se principalmente por meio de contato sexual e afetando quase 100 países, incluindo Brasil, Europa e Ásia. Esse surto foi controlado por meio da vacinação de grupos vulneráveis, mas a situação na República Democrática do Congo continua preocupante devido ao acesso limitado a vacinas e tratamentos.
Sintomas e transmissão
Os primeiros sinais de mpox incluem febre, dores de cabeça, inchaço, dores nas costas e musculares. Quando a febre diminui, surgem erupções cutâneas que geralmente começam no rosto e se espalham para outras partes do corpo, como as palmas das mãos e as solas dos pés. Essas lesões podem causar coceira e dor, evoluindo para crostas que eventualmente caem, podendo deixar cicatrizes.
A infecção normalmente dura entre 14 e 21 dias, mas em casos graves, as lesões podem se espalhar por todo o corpo, afetando principalmente a boca, os olhos e os órgãos genitais.
A mpox é transmitida pelo contato próximo com uma pessoa infectada, seja por relações sexuais, contato pele a pele ou respiração próxima. O vírus também pode ser contraído ao tocar objetos contaminados, como roupas de cama, vestimentas e toalhas. Além disso, o contato próximo com animais infectados, como macacos, ratos e esquilos, é outra forma de transmissão.
Durante o surto global de 2022, o vírus se disseminou principalmente por meio do contato sexual. No surto atual na República Democrática do Congo, a doença também tem sido diagnosticada em diversos grupos, embora o contato sexual continue a ser um fator relevante na propagação.