São Paulo – Na última quinta-feira, 22 de agosto, um menino negro de 7 anos foi acusado de furtar um pacote de bolachas na loja Magic Doces, localizada no bairro Cidade Tiradentes, na zona leste da capital paulista. A loja inicialmente alegou que o incidente havia sido registrado por câmeras de segurança, mas depois admitiu que não havia imagens do ocorrido (veja nota abaixo).
Giovanna Santos de Oliveira Brasil, a mãe do menino, registrou a reação do filho e se emocionou ao falar sobre o episódio em um vídeo que rapidamente se espalhou pelas redes sociais. No vídeo, o garoto nega a acusação: “Não roubei nada.”
Giovanna contou que havia gasto R$ 500 em doces na loja para comemorar o aniversário de 7 anos do filho. Segundo ela, um funcionário branco da loja abordou a família no caixa, alegando que a ação foi registrada pelo circuito interno de câmeras. “Estou esperando ele mostrar a filmagem do meu filho roubando, porque eu conheço o filho que tenho,” disse ela, em lágrimas. “Acabamos de gastar R$ 500 aqui e ele [funcionário] disse que meu filho roubou algo que custava R$ 2.”
Em nota, a Magic Doces classificou o incidente como um “erro” e confirmou que, após uma análise detalhada das imagens de segurança, ficou comprovado que o menino não havia furtado nenhum item.
O advogado da família, José Luiz de Oliveira Júnior, informou ao Metrópoles que pretende entrar com uma ação de indenização por danos morais e materiais e também com uma representação criminal por racismo.
A mãe do menino registrou a ocorrência na Polícia Civil, que a classificou inicialmente como “calúnia” no 44º Distrito Policial (DP), em Guaianases. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirmou que está revisando as imagens e que o crime investigado pode mudar conforme o andamento da investigação. O caso está sendo apurado pelo 54° Distrito Policial (Cidade Tiradentes).
A SSP comunicou: “Todas as imagens do local foram coletadas e estão sendo analisadas. A mãe do menor foi convocada para prestar esclarecimentos, visando colaborar com a investigação. O inquérito investiga a calúnia, podendo ser reclassificado conforme novas evidências.”
Após a repercussão, a Magic Doces desativou seus perfis nas redes sociais. O Metrópoles tentou contato com a loja e com seu advogado, Alexandre Aivazoglou, mas não obteve resposta até o fechamento desta reportagem. O espaço permanece aberto para manifestações.